sexta-feira, 9 de maio de 2008

perdição

Prendeu sua mão direita a nuca e entrelaçou os dedos firmemente nos cabelos negros e brilhantes da garota que conhecera a menos de 2 horas. neste momento sua mão esquerda deslizava suavemente pelas curvas da moça. esta por sua vez parecia ter sido uma presa fácil pois se entregara sem esforço algum de resistencia. a adrenalina de estar envolta por uma completa estranha era melhor que morfina! estava gelada mesmo fervendo por dentro, estala ali onde não havia espaço, nem olhares, nem tempo, nem nada que a fizesse ponderar o que fazia.


Já para a garota que lhe seduzia a sensação se assimilava a mesma que um ladrão deve sentir após levar o que desejava sem ter sido notado, uma volúpia inesquecível. prazer, fazia isto pelo prazer da conquista, pela posse, pelo orgulho, fazia com desdenho, fazia por tesão! como se roubasse a ingenuidade da estranha, como se a tomasse sem pedir licença e sem agradecer no final. era tão bela, tão desejável. tinha cabelos nos ombros, escuros em uma mistura de tons, olhos brilhantes, fortes, seguros, envolventes e negros, uma pele clara, rosada do calor do momento, lábios firmes que beijavam suavemente, dentes branquinhos e ferozes que teimavam em deixar pequenas marcas.

A medida que a pobre presa se entregava descobria o sabor do corpo da garota que a envolvera, era um corpo atraente, era um corpo amargo e ao mesmo tempo doce, tinhas pernas firmes, mas nem se comparavam a firmeza do toque das mãos dela, parecia saber exatamente o que estava fazendo, exatamente onde tocar, exatamente como agir. era uma caçadora voraz, mas não passava de uma menina. eis o mistério e a razão de tantas se deixaram envolver nos braços dela. encanto, curiosidade, desejo, vontade, medo, excitação, prazer. Apenas pelo prazer.

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Tão correto e tão bonito
o infinito é realmente um dos deuses mais lindos.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

minha verdade

como uma atriz decadente me entrego ao chão deste palco.

não trago mais na bolsa aquelas balas coloridas, nem os brilho dos espetáculos anterios, os restígios de uma vida fracassada, nem mesmo carrego um belo batom vermelho. apenas encontram-se lá alguns mangos, algumas porcarias jogadas, uma carteira de cigarros amassados e um lápis de olho preto apontado. minha vida poderia bem se resumir a isso. poucas coisas. nada de real valor, nem importancia. entrego-me aos meus vícios, aos meus desejos, aos meus anseios, aos meus medos, as minhas incertezas e até mesmo aos meus amores. ah, os amores. um para cada vez que vi as cortinas vermelhas de veludo se abrirem, um novo a cada aclamar de palmas no final da noite. tantos e tão poucos.

saudades dos tempos de noites longas, dos tempos em que flores eram entregues enquanto a maquiagem era retirada do meu rosto, dos lábios, da pele. Hoje ela está entranhada, como uma máscara que não quer ser removida, como uma proteção aos olhos alheios, medo? não, pois as luzes não me focam mais. a realiadade é fria, mas nada se compara às ruas desta cidade a noite, nem a cama que me espera ao voltar pra casa, gélida. o sangue não ferve mais, o suor nunca mais fora sentido e o sabor do veneno mortal jamais lembrado. pensar no passado machuca, tentar revivê-lo não apetece, mas tentar esquecê-lo é algo ainda mais difícil. não quero mais os palcos, não quero mais atuar, quero apenas viver, apenas sonhar, quero na boca a palavra prazer vindo antes do nome. apenas isso e uma xícara de chocolate quente.

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Tragam-me rosas vermelhas, não brancas!

nostalgia

por um instante as coisas pareciam estar nos seus devidos lugares, voltei a sentir tuas mãos em minhas costas arranhando-as com tanta ferocidade que senti meu sangue escorrer lentamente pela pele agora rosada e sedenta de desejo. senti tua respiração no meu ouvido, aquele ar quente que te faz viajar sem sair do lugar. pude apreciar teu perfume espalhado no ar, pude novamente tocar seus lábios macios e suculentos levemente adocicados pela bala de menta que teimas em deixar derreter sobre a língua. senti o teu suor, senti o teu gosto, senti cada pequena parte tua em mim. todas. senti as tuas contrações, teus arrepios, teus palpitares. realmente as coisas pareciam estar nos seus devidos lugares. então abri os olhos e me vi deitada completamente despida envolta em um lençol gélido, sozinha.